Os empreendimentos da carcinicultura são implantados em sua maioria (71%), às margens dos estuários, de onde retiram as águas salgadas ou salobras para o desenvolvimento de seus cultivos.
As acusações referentes a poluição desses estuários pelo lançamento de nitrogênio e fósforo, através de suas águas de drenagem, se baseiam na hipótese que os referidos nutrientes causariam uma prejudicial eutrofização dos estuários (crescimento da população de microalgas em manancial hídrico pelo aumento da concentração daqueles nutrientes).
Todas essas acusações desapareceriam se os acusadores apenas soubessem ser quase impossível a ocorrência de tal impacto em áreas estuarinas.
Umas das razões é que a hidrodinâmica dos estuários está sob influência de um regime de marés: a cada seis horas as suas águas são substituídas em movimentos de encher e secar. Não a tempo para as algas se reproduzirem a tempo de deflagrarem o fenômeno de eutrofização, pois elas acompanham o fluxo e refluxo da maré.
É incomum que ocorra em um ambiente com águas correntes, como um estuário, e muito menos devido ao nitrogênio e fósforo oriundos da carcinicultura, até porque sua quantidade é relativamente pequena.
Um estudo realizado sobre descargas de nutrientes no estuário do rio Jaguaribe por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará demostrou com quais percentagens de nitrogênio (N) e fósforo (P) os citados emissores participam do total lançado naquele recurso hídrico.
Nessa tabela contatamos que a carcinicultura é a atividade que menos contribui com o lançamento de nitrogênio e fósforo dentre os emissores estudados contrariando as acusações recorrentes, notadamente, quando se tem presente que, diferentemente das outras fontes de emissões de nutrientes, a carcinicultura não capta água de chuvas ou tratadas, mas sim com todas as cargas e nutrientes acima referidos.
Fonte:Guimares, Iveraldo.Livro Mitos e Verdades Sobre o Cultivo de camarões Marinhos no Brasil.