As estatísticas da FAO mostram que a produção do L. vannamei cultivado cresceu como nenhuma outra espécie o fez em toda a história da carcinicultura marinha O desempenho dessa espécie em cativeiro é extraordinário e contribui expressivamente para manter o camarão como a commodity que gera as maiores transações financeiras (US$ 25,0 bilhões) no mercado mundial do pescado. O primeiro registro de produção global dessa espécie pela FAO data do ano 1980 com 8.000 toneladas, provavelmente do Equador, e a última estatística, de 2014, decorridos trinta e quatro anos, revela a extraordinária cifra de 3.668.681 toneladas, que representam 80% da produção mundial de camarões cultivados (4.580.768 t.). A oferta total de camarões, em 2014, derivada das duas fontes de produção – pesca e carcinicultura – chega a 7.925783 t. Nesse caso, a participação da espécie aqui destacada é da ordem de 46,5%. Ou seja, quase metade do camarão consumido globalmente é o L.vannamei, única espécie cultivada nos países produtores das três Américas. Introduzida na Ásia, onde estão os maiores países produtores do mundo, entre 1998/1999, ou seja, há 16 anos, sua produção já ultrapassa em volume um pouco mais de 70% do total de produção de camarão de cultivo daquele continente. A velocidade com que o L. vannamei vem substituindo as tradicionais espécies nativas dos países asiáticos nos últimos anos impressiona alguns especialistas, que receiam pela dependência da carcinicultura marinha de uma única espécie num futuro não muito distante. Para que se tenha uma referência da importância do L. vannamei, o Penaeus monodon, que antes do ano 2000 era a principal espécie cultivada, em 2014 com 634.521 t. ocupa a segunda posição mundial contribuindo com 14% do volume global cultivado e 8% apenas do total de camarões derivados da pesca e da aquicultura. A evolução do L. vannamei revela quedas de produção em alguns anos devido a presença de enfermidades, como em 1999 com surtos do Vírus da
Mancha Branca (WSSV) e, posteriormente, com outras enfermidades, como a mais recente relativa à Síndrome da Mortalidade Precoce (EMS). Entretanto, em vista da precocidade da espécie e de sua capacidade de se adaptar às mais variadas condições costeiras e interioranas das zonas tropicais e semitropicais, a recuperação de seus níveis produtivos se processa com certa celeridade sempre que medidas de biossegurança sejam adotadas de maneira adequada e consistente. O Equador é um bom exemplo. Afetado pela Mancha Branca em 1999, assistiu à queda de sua produção para 50.000 t. No entanto, na atualidade está em plena recuperação e, em 2015, já chegava a 372.000 t. ocupando a quinta posição no ranking mundial.
Fonte: Revista da ABCC – Ano XVIII N°1 – Junho 2016