É incompreensível e irracional essas acusações de que a carcinicultura tem vida curta e seria uma predadora do solo. No Brasil não. Diversos artigos foram publicados com o objetivo de relatar os principais impactos ambientais gerados pela carcinicultura e o curto tempo de validade dos viveiros, esses artigos citam estudos realizados na Tailândia, Bangladesh, Austrália e Ásia, e não no Brasil.
“No início dos anos 1970 eu estive com o Governador Cortez Pereira (do Rio Grande do Norte) em visita ao município de Canguaretama, e tivemos uma conversa com um proprietário de salina, durante o qual ele nos contou que já não queria mais continuar com suas atividades, pois sua intenção era aposentar-se. Dali a algum tempo vários proprietários de salinas vizinhas também seguiram o seu exemplo, e os novos donos transformaram as antigas instalações de produção de sal em empreendimentos de carcinicultura.
Até hoje, trinta anos depois, nenhuma daquelas fazendas foi abandonada por estar o seu solo imprestável para o cultivo de camarões; naquela mesma época foram implantadas fazendas de carcinicultura às margens do rio Potengi onde funcionam até os dias de hoje, três décadas depois, sem qualquer sintoma de enfraquecimento da terra nem sinal de desistência da atividade.”, diz o biólogo marinho Iveraldo Guimarães.
De uma maneira geral, a nossa carcinicultura adota a prática de um cultivo fundamentado em regime de baixa e média densidades populacionais, com até quarenta camarões por metro quadrado. Acrescente-se a este modelo o uso de probióticos e substâncias húmicas (orgânicas) que mantém os solos dos viveiros isentos de substâncias químicas indesejáveis e matéria orgânica excessiva em processo de transformação.
É por conta desse tipo de manejo que não existe no Brasil o abandono de fazendas de camarões.
Fonte: Guimarães, Iveraldo. Livro Mitos e Verdades sobre o Cultivo de Camarões Marinhos no Brasil.