Prezados amigos da aquicultura/carcinicultura brasileira,
Diferentemente das análises anteriores acerca da nossa Balança Comercial de Pescado, iniciaremos esta, referente ao mês de Fevereiro de 2014, com dois gráficos até bem pouco tempo surreais para a então realidade do nosso setor, e que foram gerados a partir dos números obtidos junto à Aliceweb/MDIC.
Trata-se não apenas da retomada das exportações de camarão pelo Brasil, o que já havíamos informado e ratificado em outras oportunidades. O que mais chama a atenção dos gráficos é que das 64,8 toneladas exportadas pelo país em 2014 (pouco mais de U$S 500 mil Dólares), 63% destas teve como país de destino o Vietnã, terceiro maior produtor e segundo maior exportador de camarão do mundo, que importou do Brasil 40,8 toneladas, representando US$ 348 mil Dólares (US$ 8,53/Kg). O outro país para quem o Brasil exportou até então em 2014 foi a França, o mais exigente mercado para o crustáceo, com um volume de 24 toneladas e US$ 167 mil Dólares em transações comerciais (US$ 6,95/Kg).
Embora o Ceará siga mantendo sua liderança dentre os Estados brasileiros produtores de camarão, foi o Rio Grande do Norte, segundo maior produtor nacional, quem exportou, até Fevereiro, a totalidade do camarão comercializado para fora do país.
Desempenho das Exportações de Pescado do Brasil: JAN/FEV: Volume (Ton) e Valor (US$)
Também de acordo com dados obtidos junto à Aliceweb/MDIC, o Brasil acumulou exportações de Pescado na casa das 5 mil toneladas (cerca de US$ 25 milhões) somados os meses de Janeiro e Fevereiro, um resultado pífio que vem se repetindo desde 2010 para estes meses. E, ao levarmos em conta que em 2003, ano de criação da SEAP/PR, esse volume era de 20 mil toneladas (US$ 52 milhões), podemos inferir que a política pesqueira e aquícola nacional está na contramão dos interesses do setor e, por conseguinte, da sociedade brasileira.
Desempenho das Importações de Pescado do Brasil: JAN/FEV: Volume (Ton) e Valor (US$)
Já no que tange às nossas importações de Pescado, que em 2003 somavam 27 mil toneladas e US$ 29 milhões para os meses de Janeiro e Fevereiro, em 2014 foram contabilizados para os referidos meses um volume de quase 90 mil Toneladas, gerando um montante de US$ 324 milhões em transações comerciais.
Ou seja, em termos de volume, passamos a exportar apenas ¼ do que exportávamos em 2003, ao passo que as importações mais que triplicaram no mesmo período.
Os seis países que mais exportaram Pescado para o Brasil, em volume (toneladas), em ordem decrescente, foram: China, Chile, Vietnã, Argentina, Marrocos e Noruega, que juntos corresponderam a 84% do total de nossas importações nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2014 (75.219 toneladas).
Em valor de transações comerciais, os seis países que mais se destacaram, pela relação volume/valor foram, também em ordem decrescente; Chile, China, Noruega, Vietnã, Argentina e Portugal, que somaram nos dois primeiros meses de 2014, US$ 284 milhões (87,7% do valor total importado pelo Brasil neste período).
BRASIL: EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES DE PESCADO DA CHINA, VIETNÃ, EQUADOR E TAILÂNDIA 2012 – 2014 (JAN/FEV)
Destacamos uma vez mais, no penúltimo gráfico do presente documento, um comparativo para os meses de Janeiro e Fevereiro dos anos de 2012, 2013 e 2014 referente às importações de Pescado da China, do Vietnã, do Equador e da Tailândia pelo Brasil.
Podemos observar, por este, em relação à China, que os volumes importados nos meses de Janeiro e Fevereiro dos últimos 3 anos mantêm crescimento na casa de 6% ao ano.
No que concerne às importações de Pescado do Vietnã, estas seguem subindo de forma exponencial ao longo dos anos, com crescimento de 36% em 2013, quando comparado com o mesmo período de 2012 e de 42,3% ao se comparar 2014 com 2013.
Em relação às importações de Pescado do Equador, embora que em outra ordem de grandeza quando comparado com os volumes importados da China e do Vietnã, o Brasil aumentou 12% no acumulado do ano em relação a 2013.
As conclusões acerca do desastroso desempenho da Balança Comercial de Pescado do Brasil deixamos para os nobres leitores, uma vez que seria um insulto à sua inteligência tecer comentários outros.