Análise da Balança Comercial de Pescado do Brasil em 2013
Marcelo Borba
Engº de Pesca
Consultor da ABCC
Prezados Associados, desejando a todos um ano de sucesso, saúde e paz, enviamos abaixo algumas informações (e avaliações) referentes ao desempenho da Balança Comercial de Pescado do Brasil do ano de 2013.
Como de costume, estamos fazendo uma breve análise dos números obtidos junto ao Aliceweb/MDIC com o intuito de levar aos nossos Associados e demais atores envolvidos com a carcinicultura/aquicultura brasileira, relevantes constatações no que se refere ao comportamento da evolução da nossa Balança Comercial de Pescado e destacando, de um lado, o fraquíssimo desempenho das nossas exportações e, de outro, os crescentes números das importações.
DESEMPENHO DAS EXPORTAÇÕES DE PESCADO DO BRASIL JAN/DEZ
VOLUME (TON) E VALOR (US$)
2003 – 2013
Quando se analisa o desempenho das exportações de pescado pelo Brasil, verifica-se que houve uma redução (-67,48%) do volume exportado (113.838 t em 2003), em relação ao volume exportado em 2013 (37.019 t).
Da mesma forma, o valor das referidas exportação (US$ 243,3 milhões), embora tenha apresentado um pequeno crescimento em relação aos valores de 2012 (US$ 237,3 milhões), quando se considera os valores do ano de 2003 (US$ 427,92 milhões), tem-se uma redução de (-56,86%). Em realidade, o único crescimento verificado no contexto das exportações brasileiras de pescado, foi o camarão cultivado (612 t e US$ 4,1 milhões), que voltou no mercado internacional, embora de forma tímida, quando se comparam com o ano de 2003 (58.455 t/US$ 226,0 milhões).
Não custa lembrar ao nobre leitor que a retomada das exportações de camarão cultivado se deu a partir do mês de Agosto’13, sendo que os Estados do Rio Grande do Norte e do Ceará foram os únicos que voltaram a exportar, comercializando no total 353 t / US$ 2,3 milhões e 259 t / US$ 1,8 milhões, respectivamente.
Grandes grupos de produção de camarão no Brasil, Associados à ABCC, continuam sendo procurados por empresas com sede nos maiores países produtores de camarão do mundo, como França, Espanha, Itália, México, Tailândia (segundo maior produtor mundial de camarão e primeiro exportador mundial) e Vietnã (terceiro maior produtor e segundo maior exportador). Tal fato não deixa dúvidas de que a retomada das exportações brasileiras de camarão pode se consolidar em 2014, tendo presente que o camarão brasileiro sempre ocupou uma posição de destaque junto aos principais e mais exigentes mercados importadores de camarão cultivado dos Estados Unidos, Europa e Japão.
E, se por um lado, comemoramos a retomada das exportações de camarão pelo Brasil, por outro, não podemos fechar nossas vistas ante o descalabro das nossas importações, que nos últimos anos vem crescendo como uma progressão geométrica a refletir a incompetência daqueles que estão, ao menos em tese, incumbidos de promover e incentivar o desenvolvimento da pesca e da aquicultura no nosso país.
AS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE PESCADO
No período de 2003 a 2013, as importações brasileiras de pescado cresceram de 151,5 mil toneladas e US$ 202 Milhões (2003), para 418,6 mil toneladas e US$ 1.45 bilhão em 2013.
No ano de 2013, a China, o Chile, o Vietnã, a Argentina, o Marrocos e a Noruega se destacaram como os seis maiores exportadores de Pescado para o Brasil, cuja participação referente ao volume (324 mil toneladas) e valor (US$ 1,04 Bilhão de dólares) correspondeu a 77,39% (volume) e 71,62% (valor) de nossas importações, respectivamente.
O Chile, no cômputo geral das exportações para o Brasil, comercializou US$ 505,89 milhões, enquanto que a China exportou menos da metade desse valor (US$ 239,58 milhões), fato que se justifica pelo maior valor do produto chileno quando comparado com o chinês (peixes diversos).
Contudo, se em termos de valor o gigante asiático tenha exportado menos que o Chile, sua liderança em volume de exportação (93.463 t) para o Brasil se manteve na primeira posição do ranking.
Em relação às importações de Pescado da China, o destaque é para o fato de que esses números apontam um incremento de 1.096,1% em volume e 766,47% em valor (US$) em relação a 2009. A mesma análise, desta feita em relação ao Vietnã, impressiona ainda mais, uma vez que houve um incremento de 1.567,68% em volume e 1.632,86% em valor, em relação ao mesmo período do ano de 2009.
Em relação à Argentina, quarto maior exportador de Pescado para o Brasil, os sete principais produtos (vide slide Nº 12) comercializados em 2013 sequer eram importados pelo Brasil em 2011. Tais produtos somaram 34 mil toneladas, o que representa 89,10% em volume e 91% em valor, em relação a 2012.
E, se por um lado, o total anual de pescado da Argentina pelo Brasil foi de 34 mil toneladas, por outro, o Brasil, a despeito de todo o potencial para a pesca e para a aquicultura que sabemos existir e já tão exaustivamente discutido, além de possuir um Ministério criado essencialmente para desenvolver todo esse potencial, exportou para todos os países com os quais mantêm relações comerciais, apenas de 37 mil toneladas.
Ou seja, o Brasil importou da Argentina (34 mil toneladas), quase que o mesmo volume que exportou para o mundo inteiro (37 mil toneladas). Uma verdadeira afronta ao bom senso e à razoabilidade, princípio este norteia (ou deveria nortear) a política pesqueira brasileira quando se considera o nosso imenso potencial pesqueiro e suas vantagens competitivas.
Por fim, mas não menos importante, demonstra-se no penúltimo “slide” deste documento que ora segue em anexo, uma síntese evolutiva das importações de Pescado, pelo Brasil, de quatro grandes produtores mundiais de frutos do mar: China, Vietnã, Equador e Tailândia, onde se percebe que os países acima referidos, ano a ano, vêm incrementando de forma substancial suas exportações de pescado para o Brasil, sendo o Vietnã o caso que mais chama a atenção, pelo fato de que até 2008 não havia registrado nenhuma exportação, de qualquer tipo de pescado, para o Brasil.
A todos a ABCC deseja uma boa leitura/avaliação crítica dos dados e o apoio para continuarmos defendendo os interesses maiores do setor carcinicultor brasileiro.
Cordialmente,