Para ampliar produção, porém, presidente da ABCC quer garantia do Governo Federal que produto não será importado
Por Ciro Marques
O Brasil produziu em 2012, aproximadamente, 75 mil toneladas de camarão. Tudo isso para atender o mercado interno. Contudo, se o Governo Federal acha que ainda é preciso mais, para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha, tudo bem. Os produtores brasileiros tem condição de, até, dobrar a quantidade comercializada em dois anos. O que não pode, na visão de Rocha, é ser confirmado o que o Ministério da Pesca tem sinalizado: que vai importar o camarão da Argentina.
Isso porque para Itamar Rocha é muito simples: os produtores brasileiros, que estão localizados, sobretudo, no Nordeste, tem condição de ampliar a produção, só precisam de incentivos e de garantias que o consumidor nacional tem condição de absorver a produção. “No ano passado, 100% da nossa produção ficou aqui no Brasil. Foram 75 mil toneladas de camarão. Agora o Governo sinaliza que vai importar 5 mil toneladas da Argentina e não vemos necessidade disso. Se quiserem mais, podemos produzir. Se governo desistir de importar, dobramos a produção de Câmara no Brasil em dois anos”, garantiu Rocha.
Segundo o presidente da ABCC, é totalmente possível essa ampliação da produção de camarão potiguar. Até mesmo porque neste ano a expectativa já é de uma produção maior: 90 mil toneladas. “Podemos produzir mais, mas precisamos dessa garantia que podemos investir que o mercado vai consumir, sem o risco e a necessidade de importância”, analisou Rocha.
É importante ressaltar que atualmente o Governo Federal sinaliza não só para a importação do camarão produzido na Argentina, mas também do estuda trazer o produto do Equador, Panamá, Colômbia, Índia, China e Vietnã. Contudo, é com o crustáceo “hermano” que a negociação para a importação está mais adiantada, mesmo sem o país ter dado as garantias sanitárias inerentes a todas as relações comerciais internacionais de alimentos.
Afinal, a carne brasileira, por exemplo, precisa atender a uma série de exigências sanitárias para entrar em outros países do mundo. “O que a ABCC quer é que se use o princípio da precaução, afinal, não tem como se importar um produto como esse sem a garantia de que não vai trazer doenças. E não estou dizendo isso baseado em suposições não, são estudos de argentinos que mostram que não há garantias que o camarão produzido lá é livre de doenças”, afirmou Itamar Rocha.
Tanto é assim que na próxima semana, Itamar Rocha, vai levar ao grupo de trabalho criado pelo próprio Ministério da Pesca para analisar a condição do camarão argentino os laudos com evidências de que há doenças no produto do país vizinho que o impedem de ser importado. “É uma situação complicada porque o ministro da Pesca, Marcelo Crivela, criou essa comissão de trabalho, mas não vai nem esperar o trabalho ser concluído e já sinaliza para a importação do camarão, passando por cima desse grupo de trabalho”, afirmou Rocha, ressaltando que também entrará com uma ação para impedir a importância sem exigência financeira.
Essa sinalização do ministro Marcelo Crivela, segundo o presidente da ABCC, foi dada novamente na audiência pública realizada na Comissão de Agricultura e Pesca da Câmara Federal, em Brasília, nesta terça-feira (14). Para Itamar Rocha, o ministro, mais uma vez, “ficou em cima do muro” e não garantiu que haveria, se quer, a exigência sanitária para o produtor argentino. “Ele falou que se tivesse algum documento que comprovasse que havia doença no camarão argentino, que apresentasse para ver se o Governo poderia voltar atrás”, revelou Rocha.
Banco do Nordeste
Pelo menos, com relação ao Bando do Nordeste, a audiência pública trouxe uma resposta positiva aos criadores de camarão. Segundo Itamar Rocha, o representante do BN voltou atrás da informação divulgada anteriormente, de que não seria concedido crédito aos carcinicultores. “Eles afirmaram logo no início que não era bem assim e que iriam sim conceder o crédito. Ainda bem, porque queremos produzir e precisamos de incentivos para isso. Esperamos que ele não volte atrás de novo”, afirmou Itamar Rocha.
Tilápia, camarão e o Nordeste
Vale ressaltar que a criação de camarão e de tilápia é uma fonte de economia, sobretudo, do Nordeste. “O RN representa mais de 90% da produção de pesca industrial no Brasil, e consideramos que ainda estamos engatinhando. A produção de camarão é muito importante para o Estado, para o Ceará e para o Nordeste como um todo”, destacou Itamar Rocha.
Porém, segundo o presidente da ABCC, assim como aconteceu atualmente com o camarão, o Ministério da Pesca também estuda a possibilidade de importar a tilápia de países vizinhos, enfraquecendo a economia brasileira, no lugar aumentar o incentivo a produção do peixe. “O Brasil importa pescado, podendo dar mais incentivo a produção da tilápia brasileira”, analisou Rocha.
http://portalnoar.com/se-governo-desistir-de-importacao-dobramos-producao-de-camarao-no-brasil/